“Do Não Lugar ao Lar” emociona a III Semana do Migrante em Toledo

Toledo (PR) – Na tarde de 28 de junho, a Embaixada Solidária viveu um dos momentos mais intimistas da III Semana do Migrante. A segunda edição da oficina “Do Não Lugar ao Lar: fragmentos em colagem como referências afetivo-espaciais”, conduzida pela artista visual Isabel Gutierrez, reuniu participantes vindos de mais de dez origens diferentes para conversar, rasgar papel e reconstruir, em silêncio ou conversa sussurrada, a ideia de “casa” depois da migração.

Com apenas quinze vagas, a atividade transformou a sede da Embaixada num ateliê efervescente. Tesouras, revistas de arte, mapas antigos e pequenos objetos pessoais ganharam nova vida em arte – painéis onde lembranças e planos de futuro se encontraram sobre o papel. Entre um gole de chá, traduções improvisadas e muita troca de olhares, cada pessoa registrou cores, cheiros e lembranças que fazem o coração reconhecer um lugar como lar. Ao final, as obras foram penduradas num grande varal, compondo um mosaico coletivo que dialogou com o lema da Semana – Até que Todos Sejam Vistos.

A oficina nasceu em 2024, quando Isabel testou a proposta de colagem como ferramenta artístico-terapêutica. O êxito da primeira experiência motivou a inscrição no edital da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), garantindo recursos para esta nova edição, agora integrada à programação da Embaixada Solidária. “A colagem é uma língua que todo mundo entende. Rasgar, escolher, colar: nessas três etapas a gente revê o passado, reorganiza o presente e sonha o futuro”, explicou a artista.

Realizada com apoio da Secretaria da Cultura de Toledo e do Ministério da Cultura, a oficina encerrou-se com um retrato manufaturado de lares muitos diferentes e ao mesmo tempo tão comuns. As colagens, cuidadosamente emolduradas, não ficarão apenas na parede da Embaixada: formarão uma exposição itinerante, que percorrerá escolas, bibliotecas e centros culturais da região, ampliando o alcance do gesto criativo que nasceu naquela tarde. “Quando um recorte encontra o outro, ninguém se sente fora do lugar”, disse Isabel, já olhando para o varal multicolorido que, em breve, cruzará novas estradas carregando fragmentos de lar por onde passar.